Anciãos, crianças e a eternidade
Os anciãos sentam-se à mesa, repartem o frango, bebem um vinho e aproveitam para se envolverem em conversas nostálgicas e reflexivas. Não deixam de reparar na notícia de uma jovem dependente química e portadora de AIDS, aproveitando para tecer um comentário unânime: "Na minha época a juventude era diferente!"
O teor de obviedade do comentário atiçado pela reportagem de televisão é nítido. Porém, mais nítido ainda é o teor irregular que as coisas carregam. Nada por aqui é eterno!
As crianças aproveitam o clima de festividade do Natal e correm soltas pela casa. A árvore-de-natal serve apenas como suporte para os presentes comprados às pressas. Às pressas também estão as crianças no quintal de casa sujando as roupinhas novas e ralando os joelhos. A verdade é que até as crianças - denominadas "puras de coração" - carregam um pouco da imperfeição terrena. Não, elas não são eternas.
O ano passa, as coisas mudam, pessoas morrem, pessoas nascem... A velocidade com que as mudanças acontecem é estonteante. Os céus correm, o chão treme, as ondas invadem-nos e tudo muda! O que era ontem hoje já não é mais.
"Nunca seremos aptos para o serviço de Deus, se não olharmos para além desta vida passageira." (Calvino)
O Evangelho nos diz para estarmos com um olho no presente e o outro na eternidade. O Evangelho exige-nos uma visão atenta ao Eterno. E viver o Evangelho implica em aceitar a eternidade com uma grande proximidade e uma enorme intimidade. A eternidade não é alguém desconhecido para os compartilhantes da Boa Nova. A eternidade é tão íntima quanto o presente. Viver o Evangelho significa abrir os braços para o Eterno.
Os anciãos e as crianças passam, ao passo que o Eterno permanece. Escolha o Eterno! Aceite a eternidade!
De São Pedro da Aldeia desejando um feliz 2012 a todos.